O
acordo ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro
de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Moçambique e, posteriormente, por Timor Leste, foi aprovado no
Brasil, com força de lei em
1995. Constitui-se num acordo meramente ortográfico, portanto, restringe-se à língua escrita, não afetando nenhum aspecto da língua falada.
1995. Constitui-se num acordo meramente ortográfico, portanto, restringe-se à língua escrita, não afetando nenhum aspecto da língua falada.
Este
documento não pretende constituir-se numa ferramenta absoluta acerca do
assunto, porém, esperamos que sirva de orientação básica para aqueles que
desejam resolver rapidamente suas dúvidas sobre as mudanças introduzidas na
ortografia brasileira, sem preocupação com questões teóricas.
MUDANÇAS NO ALFABETO
O
alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras K, W e Y.
Completo passa a ser:
A B
C D E F G H I J K L M N O P Q R S T
U V W X Y Z
TREMA
Não
se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui.
Como
era Como
fica
Agüentar Aguentar
Argüir Arguir
Bilíngüe Bilíngue
Cinqüenta Cinquenta
Delinqüente Delinquente
Eloqüente Eloquente
Ensangüentado Ensanguentado
Eqüestre Equestre
Freqüente Frequente
Lingüeta Lingueta
Lingüiça Lingüiça
Qüinqüênio Quinquênio
Sagüi Sagui
Seqüência Sequência
Seqüestro Sequestro
Tranqüilo Tranquilo
Atenção: o trema permanece
apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas. Exemplos: Müller,
mülleriano.
MUDANÇAS NAS REGRAS DE ACENTUAÇÃO
1. Não
se usa mais o acento dos ditongos abertos éi
e ói das palavras paroxítonas
(palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).
Como
era Como
fica
alcalóide alcaloide
alcatéia alcateia
andróide androide
apóia (verbo apoiar) apoia
apoio (verbo apoiar) apoio
asteróide asteroide
bóia boia
celulóide celuloide
clarabóia claraboia
colmeia colmeia
Coréia Coreia
debilóide debiloide
epopeia epopeia
estóico estoico
estréia estreia
estréio (verbo estrear) estreio
geléia geleia
heróico heroico
idéia ideia
jibóia jiboia
jóia joia
odisséia odisseia
paranóia paranoia
platéia plateia
tramóia tramoia
Atenção:
essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser
acentuadas as palavras oxítonas
terminadas em éis, éu, éus, ói, óis. Exemplos: papéis, herói, heróis,
troféu, troféus.
2. Nas
palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
Como era Como
fica
baiúca baiuca
bocaiúva bocaiuva
cauíla cauila
feiúra feiura
Atenção:
se
a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou
seguidos de s), o acento permanece. Exemplo: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
3. Não
se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).
Como
era Como
fica
Abençôo abençoo
Crêem creem
Dêem deem
Dôo doo
Enjôo enjoo
Lêem leem
Magôo magoo
Perdôo perdoo
Povôo povoo
Vêem veem
Vôos voos
Zôo zoo
4. Não
se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla/pela, pêlo/pelo,
pólo/polo e pêra/pera.
Como era Como
fica
Ele pára o carro. Ele
para o carro.
Ele foi ao pólo Norte. Ele foi ao polo Norte.
Ele gosta de jogar pólo. Ele
gosta de jogar polo.
Esse gato tem pêlos brancos. Esse gato tem pelos
brancos.
Comi uma pêra. Comi
uma pera.
Atenção:
Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
Pôde é a forma do passado do verbo
poder. Pode é a forma do presente do
mesmo verbo. Exemplo: ontem ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.
Permanece o acento
diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição. Exemplo: vou pôr
o livro na estante que foi feita por
mim.
Permanecem os acentos que
direrenciam o singular do plural dos
verbos ter e vir, assim como de seus derivados. Exemplos: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros. Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba. Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
É facultativo o uso do
acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais
clara. Veja exemplo: Qual é a forma
da fôrma do bolo?
5. Não
se usa mais o acento agudo no u tônico
das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.
6. Há
uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como
aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esse
verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do
presente do subjuntivo e também do imperativo. Veja:
a)
Se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas. Exemplos:
- verbo enxaguar:
enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.
- verbo delinquir:
delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.
b)
se forem pronunciadas com u tônico,
essas formas deixam de ser acentuadas. Exemplos (a vogal sublinhada é tônica,
isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):
-
verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam;
enxague, enxagues, enxaguem.
-
verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem;
delinqua, delinquas, delinquam.
Atenção: no
Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com o a e i tônicos.
USO
DO HÍFEN
Ainda restou controvérsia
quanto a essa parte do acordo. Em razão disso, para facilitar a compreensão,
apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos
mais comuns, assim como as novas orientações estabelecidas.
As observações a seguir
referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos ou por elementos
que podem funcionar como prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém,
arqui, auto, circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper,
infra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós,
pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc.
1. Com
prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h:
Anti-higiênico
Anti-histórico
Co-herdeiro
Macro-história
Mini-hotel
Proto-história
Sobre-humano
Super-humano
Ultra-humano
Exceção: subumano
(nesse caso, a palavra humano perde o h).
2. Não
se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se
inicia o segundo elemento. Exemplos:
Aeroespacial
Agroindustrial
Anteontem
Antiaéreo
Antieducativo
Autoaprendizagem
Autoescola
Autoestrada
Autoinstrução
Coautor
Coedição
Extraescolar
Infraestrutura
Plurianual
Semiaberto
Semianalfabeto
Semiesférico
Seiopaco
Exceção: o
prefixo co aglutina-se em geral com
o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação,
cooptar, coocupante etc.
3. Não
se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa
por consoante diferente de r ou s. Exemplos:
Anteprojeto
Antipedagógico
Autopeça
Autoproteção
Coprodução
Geopolítica
Microcomputador
Pseudoprofessor
Semicírculo
Semideus
Seminovo
Ultramoderno
Atenção: com
o prefixo vice, usa-se sempre o
hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante, vice-presidente etc.
4. Não
se usa hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Exemplos:
Antirrábico
Antirracismo
Antirreligioso
Antirrugas
Antissocial
Biorritmo
Contrarregra
Contrassenso
Cosseno
Infrassom
Microssistema
Minissaia
Multissecular
Neorrealismo
Neossimbolista
Semirreta
Ultrarresistente
Ultrassom
5. Quando
o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela
mesma vogal. Exemplos:
Anti-ibérico
Anti-imperialista
Anti-inflacionário
Anti-inflamatório
Auto-observação
Contra-almirante
Contra-atacar
Contra-ataque
Micro-ondas
Micro-ônibus
Semi-internato
Semi-interno
6. Quando
o prefixo termina por consoante, usa-se hífen se o segundo elemento começar
pela mesma consoante. Exemplos:
Hiper-requintado
Inter-racial
Inter-regional
Sub-bibliotecário
Super-racista
Super-reacionário
Super-resistente
Super-romântico
Atenção: Nos
demais casos não se usa hífen. Exemplos: hipermercado, intermunicipal,
superinteressante, superproteção.
Com
o prefixo sub, usa-se o hífen também
diante de palavra iniciada por r: sub-região,
sub-raça etc.
Com
os prefixos circum e pan,
usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano
etc.
7. Quando
o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento
começar por vogal. Exemplos:
Hiperacidez
Hiperativo
Interescolar
Interestadual
Interestelar
Interestudantil
Superamigo
Superaquecimento
Supereconômico
Superexigente
Superinteressante
Superotimismo
8. Com
os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen.
Exemplos:
Além-mar
Além-túmulo
Aquém-mar
Ex-aluno
Ex-diretor
Ex-hospedeiro
Ex-prefeito
Ex-presidente
Pós-graduação
Pré-vestibular
Pró-europeu
Recém-casado
Recém-nascido
Sem-terra
9. Deve-se
usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim.
Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
10. Deve-se
usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam,
formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos:
ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.
11. Não
se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição.
Exemplos:
Girassol
Madressilva
Mandachuva
Paraquedas
Paraquedista
Pontapé
12. Para
clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação
de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repartido na linha seguinte.
Exemplo:
Na cidade,conta-se que ele foi viajar O diretor recebeu ex-alunos |
Resumo
Emprego
do hífen com prefixos
Regra
básica
Sempre
se usa o hífen diante de h:
anti-higiênico,
super-homem.
Outros
casos
1.
Prefixo terminado em vogal:
•
Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
•
Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto,
semicírculo.
•
Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracismo,
antissocial, ultrassom.
•
Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas.
2.
Prefixo terminado em consoante:
•
Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-bibliotecário.
•
Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, supersônico.
•
Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.
Observações
1.
Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r sub-região,
sub-raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem
hífen: subumano, subumanidade.
2.
Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m,
n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.
3. O
prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se
inicia por o: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar,
coocupante etc.
4.
Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-almirante etc.
5.
Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição,
como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista etc.
6.
Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o
hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação,
pré-vestibular, pró-europeu.
Autor: Nelmar Reis
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